quinta-feira, 2 de julho de 2009
Chegámos ao fim
Faço-o hoje porque o website Cidadania Queluz acabou de nos mencionar, como leitura obrigatória, no dia em que os deputados do Partido Socialista em Sintra propuseram o nome de Ruy Belo para ser agraciado postumamente com a Medalha de Mérito Municipal (Grau Ouro), ao qual está associada a atribuição do título «Cidadão de Sintra».
Tentámos ser uma voz num concelho onde o silêncio sobre Ruy Belo, em 2008, imperou.
Agora chegamos ao fim. Deixo, para terminar, o texto completo da notícia.
«Trinta anos após a sua morte, o poeta Ruy Belo poderá ver o seu trabalho distinguido com a Medalha de Mérito Municipal. A proposta de recomendação foi feita pelo Deputado Municipal Bruno Tavares e aprovada por unanimidade na Assembleia Municipal.
Texto da recomendação:
“Assinalando-se, até ao final de 2009, as comemorações dos 75 anos do seu nascimento, e 30 da sua morte, e dado que Sintra se alheou da comemoração destas efemérides, os Deputados Municipais do Partido Socialista propõem ao plenário que, de forma unanime, se recomende à Câmara Municipal de Sintra que atribua, a título póstumo, ao poeta Ruy Belo, a Medalha de Mérito Municipal (Grau Ouro), ao qual está associada a atribuição do título “Cidadão de Sintra”.”
Ler recomendação do Partido Socialista.
Recorde-se que na cidade de Queluz, onde Ruy Belo faleceu, existe uma Biblioteca e uma Escola com o seu nome.
Recomenda-se a leitura do blog Ruy Belo em 2008, um blog comemorativo dos dois aniversários de Ruy Belo: os 75 anos do seu nascimento a 27 de Fevereiro e os 30 anos da sua morte a 8 de Agosto.»
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
A tua juventude se possível
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Literatura: Luís Machado dá recital de Poesia no Centro Cultural Gulbenkian em Paris
A leitura dos poemas terá acompanhamento musical de Inês Rodrigues Correia (piano) e Paulo Jorge Ferreira (acordeão). José Manuel Mendes fará a introdução.
O recital, denominado "La Lumière de la Jeunesse", integra-se na iniciativa "Lire en fête", este ano na sua vigésima edição e dedicada à juventude.
Na primeira parte ("Les rêves et le réel"), Machado lerá poemas de Fernando Pessoa (Liberdade), Ruy Belo (E tudo era possível), Álvaro de Campos (Cruzou por mim...) e Mário Cesariny ("Le Prestidigitateur").
Os poemas da segunda parte (L'Amour) são todos de Eugénio de Andrade.
Segundo Luís Machado, que neste recital assinala 30 anos de carreira como divulgador da poesia portuguesa, o "Lire en fête", uma manifestação cultural promovida pelo ministério da Cultura francês, conta nesta edição com a participação de autores, editores e livreiros de 150 países.
Durante três dias - 10, 11 e 12 de Outubro - Paris será cenário de recitais de poesia, leitura de textos dramáticos, concertos, exposições, debates e mesas-redondas.
Natural de Lisboa, Machado participou, como divulgador cultural, em centenas de recitais em Portugal e no estrangeiro.
Como escritor, publicou "Mistério e mito de um grande amor", "A última conversa-Agostinho da Silva" e "À mesa com Fernando Pessoa".
RMM.
Ruy Belo na Casa Fernando Pessoa
Confira no blogue Mundo Pessoa.
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Ruy Belo na Cinemateca
Associando-nos às comemorações do 30º aniversário da morte de Ruy Belo (que passou no dia 8 de Agosto), apresentamos um conjunto de filmes que, mais do que se relacionarem directa ou indirectamente com a sua poesia, foram importantes para ela, ou foram temas dela. SPLENDOR IN THE GRASS e MURIEL foram filmes a que Ruy Belo dedicou extraordinários poemas. IN A LONELY PLACE e NIAGARA tiveram como protagonistas actores especialmente queridos do poeta: o "meu irmão Humphrey Bogart" e Marilyn, "a mais bela mulher do mundo", "Eu aprendi a ver a minha infância", escreveu Ruy Belo.
IN A LONELY PLACE
Matar Ou Não Matar de Nicholas Ray com Humphrey Bogart, Gloria Grahame, Frank Lovejoy, Martha Stewart
IN A LONELY PLACE foi produzido pela sua estrela, Humphrey Bogart, e tem o cinema como pano de fundo. Bogart interpreta o papel de um argumentista suspeito de ter assassinado brutalmente uma jovem empregada de um restaurante, mas é essencialmente um testemunho sobre a violência que todos temos dentro de nós. "Não se perde um olhar / não é verdade meu irmão Humphrey Bogart?".
Seg. [08] 21:30 Sala Dr. Félix Ribeiro
NIAGARA
Niagara de Henry Hathaway com Marilyn Monroe, Joseph Cotten, Jean Peters
Ver entrada no Ciclo "Divas às Matinés."
Ter. [09] 15:30 Sala Dr. Félix Ribeiro
MURIEL OU LE TEMPS D'UN RETOUR
Muriel ou O Tempo dum Regresso de Alain Resnais com Delphine Seyrig, Jean-Pierre Kerien, Nita Kein
França, 1963 - 115 min / legendado electronicamente em português
A terceira longa-metragem de Alain Resnais, de certa maneira, fecha um ciclo na sua obra, depois de HIROSHIMA, MON AMOUR e de L'ANNÉE DERNIÈRE À MARIENBAD. Através da história de uma jovem viúva que vai em busca do homem que amara durante a adolescência e de uma segunda história, de um jovem perseguido por lembranças atrozes da Guerra da Argélia, Resnais realizou um filme extremamente elaborado a nível da montagem e do contraponto entre som e imagem. Em MURIEL, o tema da memória junta-se ao do amor: "Como chegar ao amor sem reminiscências, livremente, seja através de uma memória que foge, seja através de uma memória que se impõe?" (Resnais). MURIEL é também o título de um dos mais belos poemas de Ruy Belo. "Sou muito pobre tenho só por mim / no meio destas ruas e do pão e dos jornais / este Sol de Janeiro e alguns amigos mais"
Qua. [10] 22:00 Sala Luís de Pina
Esplendor na Relva de Elia Kazan com Warren Beatty, Natalie Wood, Pat Hingle, Barbara Loden, Sandy Dennis
Estados Unidos, 1961 - 124 min / legendado em espanhol
SPLENDOR IN THE GRASS adapta uma peça de William Inge que gira à volta dos recalcamentos sexuais. Neste caso, as personagens são dois adolescentes à descoberta do amor no fim da década de 20 do século passado. Kazan construíu um dos mais belos e dilacerantes poemas de amor no cinema, dando os papéis das respectivas vidas a Warren Beatty e a Natalie Wood (esta no papel de Deanie Loomis, que Ruy Belo tão extraordinariamente cantou). A sequência com o poema que dá o título ao filme é um dos momentos mais perfeitos da história do cinema, com essa mulher que " à imaginação pura resiste".
Sex. [12] 19:00 Sala Dr. Félix Ribeiro
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Ruy Belo lembrado - Exposições
terça-feira, 19 de agosto de 2008
08.08.08 - 30 anos passados desde a morte de Ruy Belo - O Ribatejo
Passam este ano duas efemérides importantes de Ruy Belo: 75 anos do seu nascimento, comemorado em Fevereiro, e 30 sobre a sua morte, que O Ribatejo assinala hoje, dia 8 de Agosto com este suplemento sobre a obra e vida do Poeta.
08.08.08 - 30 anos passados desde a morte de Ruy Belo - Público
8 Agosto 2008 - 13:36
Trinta anos depois da morte de Ruy Belo, Alexandra Lucas Coelho escreve sobre o poeta no suplemento P2 do PÚBLICO. Haverá uma edição nova, um ciclo de filmes, traduções e talvez música. Na páginas do PÚBLICO são também revelados excertos inéditos da correspondência de Ruy Belo. A leitura é obrigatória a partir daqui ( as instruções são as do costume:clicar na área de texto para o conseguir ler e clicar nas setas para passar de página para página)."
08.08.08 - 30 anos passados desde a morte de Ruy Belo - Lusa
Lisboa, 07 Ago (Lusa) - Ruy Belo, um dos nomes maiores da poesia portuguesa do século XX, morreu faz dia 08 de Agosto 30 anos. Tinha 45 anos e, no seu último livro, "Despeço-me da terra da alegria", deixara escrito este verso emblemático: "O receio da morte é a fonte da arte".
O poema a que o verso pertence tem por título "A fonte da arte" e Ruy Belo refere no livro o local e o dia em que o escreveu: Madrid, 24/IV/1977.
Na capital espanhola, na sua universidade, tinha sido até então, e desde 1971, Leitor de Português. Precisamente no ano da redacção daquele poema, 1977, deixaria o cargo para regressar a Portugal.
Poeta, e um dos maiores «inter pares» no século em que viveu, no currículo duas licenciaturas - em Direito e em Filologia Românica - e um doutoramento em Direito Canónico, chegou a Portugal e procurou emprego. Não lho deram na Faculdade de Letras de Lisboa. Não conseguiu mais do que um lugar de professor, no ensino nocturno, na Escola Técnica do Cacém.
Morreu, de um edema pulmonar, na sua casa em Queluz, a 8 de Agosto de 1978. A sua obra é hoje objecto de estudo e admiração. De imitação, também. A melhor homenagem será lê-la, mesmo se, como o próprio dizia - e o poeta José Tolentino Mendonça (JTM) recordou em declarações à Lusa - "a melhor homenagem que podemos fazer a um poeta anterior que admiramos é levantarmo-nos contra ele".
"Para todo o leitor de poesia - disse JTM - há um encontro marcado com a poética de Ruy Belo, que marca assombrosamente a segunda metade do nosso século XX. A sua obra tem uma originalidade e um fulgor incontornáveis. É um ponto de luz, um grande momento de transfiguração da língua".
Ruy Belo, esclarece, "cria uma língua do quotidiano, uma língua para dizer a casa, a infância, o verão ou a morte, que volta a ter a intensidade das antigas cosmogonias, a energia quase sagradas das falas ininterruptas. Ruy Belo dá ao civil direito à liberdade de expressão uma dimensão ontológica".
Terá sido esta para o poeta de "Baldios", autor de uma dissertação sobre a poesia de Ruy Belo para a sua licenciatura em Teologia na Universidade Católica, a sua "primeira impressão de leitura".
"Claro que a circularidade dramática entre presença e silêncio, dúvida e crença no que toca à busca de sentido e à questão de Deus, me interessou também profundamente", reconhece.
JTM considera haver "três grandes eixos reconhecíveis na arquitectura" da obra de Belo: "tempo, espaço e palavra. A consciência do tempo como experiência de passagem, turbulenta, irrepetível, impossível de reter, marca a fogo, poema a poema, a obra de Ruy Belo. Mas não só. Esta poesia denuncia os usos sociais que banalizam o tempo, reduzindo-o ao estatuto de produto, deglutido num consumo rápido e publicitário. O espaço tem a ver com o corpo, a casa, o país, o mundo. O fechado e o aberto. O interior e o exterior. As moradas provisórias e a definitiva morada".
"De resto - realça ainda - a poesia de Ruy Belo constrói-se numa indagação permanente em torno à palavra. Poucos poetas reflectiram tão intensamente o próprio processo poético (descrito como transporte, transposição, transplante...). Além de que trouxe para a poesia portuguesa uma sonoridade inesquecível".
Nascido em São João da Ribeira, Rio Maior, em 1933, Ruy Belo licenciou-se em Direito e em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa e doutorou-se em Direito Canónico em Roma com uma tese «Ficção Literária e Censura Eclesiástica».
O seu primeiro livro de poemas, "Aquele grande rio Eufrates", data de 1961, o mesmo ano em que dá à estampa a colectânea de ensaios "Poesia Nova".
Seguem-se "O Problema da Habitação - alguns aspectos"(1962), "Boca Bilingue" (1966), "Homem de Palavras[s]" (1969), "Na Senda da Poesia" (entrevistas, textos ensaísticos, 1969), "País Possível"(1973, antologia), "Transporte no Tempo" (1973), "A Margem da Alegria" (1974), "Toda a Terra" (1976) e "Despeço-me da Terra da Alegria" (1977).
No posfácio ao primeiro volume da Obra poética de Ruy Belo (Editorial Presença), o poeta e ensaísta Joaquim Manuel Magalhães (JMM) assinala na sua obra duas vertentes: de um lado, "a omnipresente consciência da morte, da solidão", do outro "a minuciosa exaltação das coisas, a persistente nomeação dos objectos e dos actos quotidianos, as recordações do tempo infantil gostosamente enumeradas, a fruição do tempo, dos nevoeiros, do mar, do sol, a rede de alegrias do tecido social comunitário, o desejo de transformação dos erros humanos".
Para JMM, este "conflito é central para o entendimento da sua poesia".
Um outro poeta, Gastão Cruz, escreve em "A Poesia portuguesa hoje" (Relógio d'água) que a obra de Ruy Belo "um dos mais grandiosos e complexos monumentos da poesia portuguesa".
É - define - "um monumento barroco, em que alguns dos mais relevantes caminhos e experiências da poesia portuguesa moderna confluem numa síntese poderosa, que congrega características aparentemente tão demarcadas e raramente conciliadas, como um discurso torrencial, por vezes próximo da prosa, e uma imaginação verbal inesgotável, por um lado, e uma extrema atenção ao pormenor do verso, nomeadamente no nível fónico, por outro, como uma permanente dissecação da vida e da realidade quotidianas, em contraponto com uma antevisão, ora angustiada, ora irónica, da morte própria e uma inquietação perante a morte alheia não menos constantes".
RMM.
Lusa/fim
terça-feira, 6 de maio de 2008
Poesia de Ruy Belo evocada no Clube Literário do Porto
A poesia de Ruy Belo vai estar hoje em destaque no Clube Literário do Porto, inserida na programação da cátedra "Poesia e transcendência", de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Duas conferências, uma exposição e dois debates vão reunir, durante todo o dia, personalidades como o professor Arnaldo Saraiva, o poeta e crítico literário Fernando Guimarães e o poeta Diogo Alcoforado, entre outros.
Cabe ao professor Manuel Sumares a primeira intervenção, às nove horas, com a conferência "Intuição em poesia e a metafísica". Duas horas depois, segue-se uma mesa redonda,onde Arnaldo Saraiva abordará os primeiros poemas de Ruy Belo. Prossegue, Fernando Guimarães, com "Possibilidades de leitura", e Diogo Alcoforado, em "Circunstancialidade e transcendência a propósito de Ruy Belo".
Já da parte da tarde, a partir das 14.30 horas, está agendada a conferência "O nocturno problema de Deus na poesia de Ruy Belo", a cargo de Manuel António Ribeiro.
Os professores Seabra Pereira, João Amadeu e José Cândido O. Martins são os oradores da mesa redonda que começa às 16.30 horas.
O Clube Literário do Porto recebe ainda a exposição "Coisas do silêncio", evocativa de Ruy Belo, da autoria de Duarte Belo.
Fernando Timóteo
Jornal de Notícias
segunda-feira, 5 de maio de 2008
segunda-feira, 28 de abril de 2008
Silves: Lobo Antunes visita Biblioteca
Para homenagear o escritor e assinalar o 25 de Abril, a Câmara de Silves recebeu António Lobo Antunes. Durante duas horas, o escritor contou, na Biblioteca Municipal, histórias ligadas à construção dos livros e personagens do escritor, às suas memórias da guerra colonial e, também, sobre os seus amigos.
A Biblioteca Municipal de Silves já está aberta ao público de terça a sexta-feira entre as 10:00 e as 19:30 horas e às segundas-feiras e sábados entre as 14:30 e as 19:30 horas, encerrando aos domingos e feriados.
CE / RS
10:22 segunda-feira, 28 abril 2008
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Silves: Personalidades da literatura portuguesa homenageadas
António Lobo Antunes, Urbano Tavares Rodrigues e Maria Keil são os nomes dos autores portugueses que vão ser homenageados durante a inauguração da Biblioteca Municipal de Silves, a ter lugar hoje, 23 de Abril, às 16:00 horas.
Cada uma das salas do novo espaço vai ter o nome de um destes autores. Na ocasião, vai ser também homenageado Garcia Domingues, estudioso da cultura islâmica, natural de Silves, que doou todo o seu espólio à Biblioteca.
A cerimónia de inauguração conta com a presença da esposa do poeta Ruy Belo, homenageado através de um recital de poesia pela actriz Luísa Cruz.
No dia 25 de Abril, às 21:00 horas, tem lugar uma sessão com a presença do escritor António Lobo Antunes e da ilustradora Susana Monteiro. No dia seguinte, o homenageado será Urbano Tavares Rodrigues, pelas 16:00 horas, com a presença da neta do autor.
12:19 quarta-feira, 23 abril 2008
Região Sul
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Ruy Belo por Duarte Belo
Monte Abraão
Biblioteca do poeta, na sua casa do Monte Abraão
terça-feira, 1 de abril de 2008
Evocação de Ruy Belo na FNAC Chiado
A Assírio & Alvim convida-o a estar presente na Evocação de Ruy Belo (1933-1978) e da sua obra, por ocasião dos 30 anos da sua morte. A sessão decorrerá dia 1 de Abril (terça-feira) na FNAC do Chiado, pelas 18.30h, e conta com a presença de José Tolentino Mendonça e Duarte Belo.
Esta apresentação coincide com o culminar da Campanha de Poesia de Março, que juntou a FNAC Chiado e três editoras portuguesas (Assírio & Alvim, Cotovia e Relógio d'Água).
Assírio & Alvim
quinta-feira, 27 de março de 2008
Catedral de Sons
Serão interpretes Paulo Lameiro, Inesa Markava, João dos Santos e Nuno Gonçalves, num evento mágico que promete não deixar ninguém indiferente. Uma homenagem a Olivier Messiaen e a Ruy Belo.
O Abismo dos Pássaros.
Quando Olivier Messiaen escreveu esta obra para Clarinete solo não a imaginou para a Catedral de Leiria. Estamos em ano do seu aniversário. Também do poeta Ruy Belo. De que pássaros escreveu Ruy Belo? Inesa Markava só lhes conhece as sombras. São essas que dançam. Mas a noite teima em chamar outras aves, que improvisam novos movimentos e palavras envoltas pelos 32 pés de George Heintz. Desfia-os João Santos com Paulo Lameiro. A visita é de um clarinete baixo, ou melhor, do Nuno Gonçalves. Às 21:00 no transepto do órgão. Quem chegar às 21:01 só ouvirá os próprios passos ecoar no templo da baixa leiriense. O tempo foge à velocidade da Luz. Aqui pertinho de nós.
Agência Ecclesia - 27/03/2008 - 10:12
segunda-feira, 10 de março de 2008
Estrangeiros querem conhecer Casa-Museu Ruy Belo
Teresa Belo conheceu o marido, em 1961, na faculdade de letras de Lisboa. Natural de Vila do Conde, distrito do Porto, não demorou muito a que caíssem de amores um pelo outro. Casam em 1966 e têm três filhos. Diogo, Duarte e Catarina.
Teresa Belo recorda o marido como um homem muito independente, com muita garra e com muita força. Perigosamente aventureiro e com uma vontade de descobrir os mistérios que o mar escondia. A professora aposentada conta que um dia na praia da Senhora da Guia, em Vila do Conde, o marido nadou e mergulhou tanto que perdeu a noção das horas que ficou dentro do mar que gelou. Foi um banheiro que o trouxe, já em coma, e levou para o hospital. “Felizmente recuperou bem do acidente e ainda brincou com a situação durante algum tempo”, conta, tentando explicar a maneira de ser do marido.
Teresa Belo tem noção de que a obra e o nome do seu marido têm sido bastante divulgadas, sobretudo a nível internacional. “As traduções são muitas, as edições sucedem-se umas às outras e estão sempre esgotadas. A obra de Ruy Belo vai ser toda reeditada pela editora Assírio & Alvim, o que é um grande orgulho”, afirma, acrescentando ainda que, por vezes, não é no local onde os autores nascem que o reconhecimento aparece em primeiro lugar.
A companheira de Ruy Belo não consegue eleger um poema preferido da vasta obra do marido. Destaca “Vat79”, “Margem da Alegria” e “Elogio a Maria Teresa”, dedicado à própria. Teresa Belo conta que quando conheceu o marido ele já escrevia. Escrevia em qualquer local e não lhe fazia a mínima confusão o barulho das crianças a brincarem. Muitas vezes escrevia pela noite dentro.
Em relação à casa museu Ruy Belo, que se encontra fechada, Teresa Belo espera que, com a nova autarquia, as coisas comecem a mexer uma vez que acredita que a casa-museu pode ser um pólo de atracção e desenvolvimento do próprio concelho.
“Tive conhecimento de que há imensos estrangeiros que querem saber onde é a casa Ruy Belo e ficam espantados por a casa estar fechada. Depois de a visitarem ficam extasiados por lhes abrirem as portas mas não verem nada lá dentro. Já lá vão muitos anos depois das promessas por parte do anterior executivo municipal para dar continuidade ao projecto.
Entretanto a câmara municipal de Rio Maior decidiu lançar o prémio nacional poeta Ruy Belo que foi apresentado no dia do aniversário do poeta na biblioteca municipal Laureano Santos. Segundo a vereadora da cultura, Ana Cristina Figueiredo, o objectivo deste prémio é promover a escrita poética e projectar o nome e obra de Ruy Belo.
quinta-feira, 6 de março de 2008
Um poeta perigosamente aventureiro
O dia 27 de Fevereiro é um dia especial para a aldeia de São João da Ribeira. Se fosse vivo Ruy Belo faria 75 anos. Como forma de homenagear o poeta falecido há três décadas, família, alguns amigos e admiradores e autarquia organizaram várias iniciativas de celebração que decorreram ao longo do dia.
As cerimónias de homenagem a Ruy Belo começaram com uma romagem à campa do poeta, que está sepultado em campa rasa no cemitério de São João da Ribeira. Teresa Belo, viúva do poeta, fez questão de estar presente e mostrou-se muito sensibilizada com o carinho dos habitantes. Durante os minutos em que decorreu a cerimónia da deposição de uma coroa de flores na campa , foi evocada a sua memória. Teresa Belo declamou dois poemas de autoria do marido. Os alunos do jardim-de-infância e da escola primária de São João da Ribeira, representados pelas professoras, ofereceram a Teresa Belo lembranças feitas pelos próprios dedicados à obra.
A homenagem prosseguiu da parte da tarde na biblioteca municipal Laureano Santos, em Rio Maior, com a inauguração de uma exposição bibliográfica e uma palestra sobre a vida e obra do autor ribatejano. Henrique Fialho, natural de Rio Maior, é um estudioso da obra de Ruy Belo e falou perante uma plateia de cerca de sete dezenas de pessoas que encheram o auditório da Biblioteca da cidade sobre a forma como a vida do poeta marcou a sua escrita.
“Ruy Belo era um homem que tomava posições sobretudo a favor da sua liberdade e da sua independência e isso tinha um custo naquela época. Vivíamos num país onde imperavam os grupos, as amizades de cartilhas, num país fechado sobre si próprio”, explica, adiantando ainda que o poeta decidiu abandonar a Opus Dei, organização à qual pertencia, porque os seus membros não lhe permitiam escrever poesia.
Henrique Fialho relatou um excerto de uma entrevista em que Ruy Belo explica que a sua terra já não existe uma vez que, a última vez que lá tinha ido, após uma longa ausência, as próprias distâncias não correspondiam ao que imaginava. Ficava tudo muito mais perto do que ele recordava.
“Ruy Belo dizia que a sua aldeia já não existia porque sempre que regressamos aos locais da nossa infância parece que tudo se altera. Aquilo que era muito grande, o que tinha uma dimensão enorme na infância encolhe, torna-se pequeno. Às vezes, sufocante”.
RELATOS DA INFÂNCIA
Maria Silvina Carvalho é uma das várias habitantes da aldeia que fez questão de estar presente num dia tão importante para a sua terra. Com uma antologia da poesia de Ruy Belo na mão, edição de 1976 da editora Moraes (já extinta), Maria Silvina vai lendo alguns versos da poesia escrita pelo amigo e antigo companheiro de escola, enquanto todos esperam no largo da Igreja pelos autarcas de Rio Maior que se atrasaram mais de uma hora.
“Fizemos a escola primária juntos. Só não éramos da mesma sala porque naquele tempo rapazes e raparigas tinham aulas separadamente”, conta, explicando ainda que ela e Ruy Belo tinham apenas um mês de diferença de idade.
A amiga de escola, Maria Silvina Carvalho conta ainda a O MIRANTE que, em pequeno, Ruy Belo, era uma criança muito irrequieta e divertida sempre que se juntava com os amigos. A antiga companheira de infância recorda a noite de Carnaval - o poeta não teria mais do que dez anos - em que Ruy Belo e alguns amigos da mesma idade decidiram roubar melões. Aproveitaram o facto de haver baile na sociedade recreativa da aldeia e foram para a aventura. Trouxeram os melões debaixo do braço e foram comê-los para o largo da igreja, às escuras, uma vez que naquele tempo ainda não havia luz eléctrica. Os jovens só não sabiam que estavam a ser vigiados por um vizinho que os apanhou em flagrante. No final não se safaram de levar umas boas palmadas dos pais.
Segundo Maria Silvina, o poeta de São João da Ribeira, também tinha o hábito de ir com um amigo para junto da linha de comboio em Rio Maior onde circulavam apenas carruagens de transporte de carga. “Punham-se a tentar acertar, e partir, as luzes de iluminação das linhas ferroviárias. Era um jovem que gostava de se sentir livre”, explica.
O Mirante online, Santarém, 6 de Março de 2008
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
Do blogue de Henrique Fialho
O que vejo quando olho para esta fotografia? Vejo, em primeiro plano, um homem aparentemente feliz. O homem encontra-se descontraído, numa pose quase infantil. Não fosse a calvície e o traje, diria mesmo tratar-se de uma criança. Ao fundo, há o que parece ser um morro pedregoso e muitas ervas. É-me impossível decifrar o lugar, mas facilmente apostaria tratar-se de um lugar de província. Apenas na província as ervas crescem àquela altura. Aproximo o olhar da legenda e verifico não ser aquele um lugar qualquer, aquele lugar tem um nome: São João da Ribeira. Trata-se de uma freguesia do concelho de Rio Maior, precisamente a aldeia onde nasceu aquele homem. Subitamente aquele homem deixa de ser um homem qualquer, é um homem na terra onde nasceu, é um homem descontraído, aparentemente feliz, regressado à origem, ao lugar primordial, à terra onde deu os primeiros passos no mundo, é um homem regressado. O homem da fotografia chama-se Ruy Belo, é poeta, nasceu naquela aldeia a 27 de Fevereiro de 1933. Dali partiu para Coimbra, onde cursou Direito, transferindo-se para Lisboa, seguidamente para Roma, de novo para Lisboa. Aquele homem que um dia partiu da sua aldeia, foi jovem, foi criança. É precisamente com esse ar jovial, quase infantil, que regressa agora à terra de onde partiu. Não sabemos em que data terá sido tirada aquela fotografia. É provável que, à época, Ruy Belo já tivesse publicado alguns dos seus livros. O primeiro, Aquele Grande Rio Eufrates, foi publicado em 1961. Já lá iremos. Por ora, é impossível olhar aquela fotografia sem pensar em algumas palavras proferidas pelo poeta numa das três entrevistas reunidas no terceiro volume da sua Obra Poética. Dizia então o poeta: «Ao chegar a Lisboa, em Outubro de 1954, a primeira coisa que eu fiz foi ir ao Largo se S. Carlos, a aldeia onde nasceu Fernando Pessoa. Eu também nasci na aldeia, uma aldeia que não existe, como a dele. (…) A última vez que lá fui, depois de uma longa ausência, verifiquei que as próprias distâncias não correspondiam ao que eu pensava. Ficava tudo muito perto. A distância de «aquilo do Miguel», a taberna, até á escola, a distância da escola à Igreja, a distância entre os plátanos. Nunca mais lá volto. Deve ter morrido muita gente. Não calcula como admiro a gente do campo» (Obra Poética, vol. 3, org. Joaquim Manuel Magalhães e Maria Jorge Vilar de Figueiredo, Lisboa, Presença, 1984). Como disse, não sabemos quando terá sido tirada a fotografia. Antes ou depois de terem sido proferidas estas palavras? Que queria dizer Ruy Belo ao afirmar que nunca mais voltaria à sua aldeia, à aldeia onde nasceu? Concentremo-nos no problema das distâncias, é aí que reside a chave que talvez nos permita responder a estas dúvidas. Todos nós experimentamos esse problema das distâncias, não é preciso ser-se poeta para crescer. Basta ser-se homem e viver. À medida que crescemos, sentimos que o espaço encolhe à nossa volta. Ele é o mesmo, embora a percepção que temos desse espaço se altere. Regressamos aos lugares da infância como quem regressa a um espaço que já não existe, pois agora a percepção que temos desse espaço torna-o completamente diferente daquilo que foi. A aldeia de Ruy Belo ainda existe. Quem por lá passe, pode inclusivamente verificar que as paredes da casa onde nasceu este Homem de Palavra[s] mantêm-se erguidas. Não obstante, avançar na vida, seguir o curso do tempo, implica, sem dúvida, um distanciamento, um redimensionamento dos espaços que transportamos na memória, a ponto de, por vezes, esses espaços encolherem tanto que desaparecem. A aldeia onde Ruy Belo nasceu desapareceu por uma única razão, essa razão tem um nome: tempo. O tempo devorou a aldeia da infância. Ainda que a memória a conserve, conserva-a apenas nesse lugar remoto e inabitável das recordações. Fisicamente, a experiência da aldeia terá agora de ser outra. A aldeia já não existe porque a infância passou, perdeu-se, não se reconquista, o tempo devorou-a, a criança fez-se homem, o espaço encolheu de tal modo que é já outro espaço, um espaço novo, diferente, dissemelhante do espaço primitivo. Que Ruy Belo ali tenha regressado, com aquele ar jovial e quase infantil que observamos na fotografia, apenas consubstancia um paradoxo, talvez o paradoxo mais marcante de toda a sua obra: a poesia como busca do irrecuperável, uma outra forma de suicídio, a antecipação de «um regresso definitivo à terra», uma espécie de recuperação, pela memória, do que está definitivamente perdido. E isto fica muito claro no seu Breve Programa Para Uma Iniciação Ao Canto: «Escrevo como vivo, como amo, destruindo-me. Suicido-me nas palavras. Violento-me. (…) Ao escrever, mato-me e mato» (Obra Poética, vol. 2, org. Joaquim Manuel Magalhães, 2.ª edição, Lisboa, Presença, 1990).
posted by hmbf
Rio Maior: Autarquia assinala 75 anos do nascimento do poeta Ruy Belo instituindo prémio nacional de poesia
26 de Fevereiro
Rio Maior: Ruy Belo homenageado em aldeia onde nasceu
Henrique Fialho, jovem rio-maiorense licenciado em Filosofia e estudioso da obra de Ruy Belo, conduziu hoje a meia centena de pessoas que participaram na homenagem ao poeta, na biblioteca municipal de Rio Maior, numa comunicação intitulada «A aldeia que não existe», que deixou a viúva, Teresa Belo, «muito, muito surpreendida».
«Foi uma enorme surpresa», disse Teresa Belo no final de um dia de homenagem ao poeta que foi «de muita alegria e vai ser memorável».
Teresa Belo disse esperar que o Prémio Nacional Poeta Ruy Belo, lançado formalmente no final do dia pela vereadora da cultura da câmara de Rio Maior, Ana Cristina Figueiredo, sirva para dar a conhecer o trabalho do poeta «a partir daqui para o Mundo».
«Foi uma homenagem muito bonita, com muita alegria. Talvez seja esta a terra da alegria», disse, numa alusão ao título do último livro de Ruy Belo, «Despeço-me da terra da alegria» (1977).
Henrique Fialho partiu do primeiro livro de Ruy Belo, «Aquele grande rio Eufrates», escrito em 1961, ano em que o poeta deixou a Opus Dei, por esta o impedir de escrever poesia.
Percorrendo os oito volumes de originais de Ruy Belo, Henrique Fialho sublinhou as palavras sempre presentes, como «palavra, tempo, infância, rio, morte, minha aldeia», a qual o poeta disse um dia, numa entrevista, não existir, porque as distâncias já não eram as da sua infância.
A evocação «explícita» da sua aldeia natal, dos seus pais, das pessoas que conheceu, das idas à feira de Rio Maior, surge em «Toda a Terra» (1976), disse.
«Como é possível que um autor desta dimensão não tenha ainda hoje o reconhecimento da gente da sua própria terra», disse Henrique Fialho, pedindo que «se faça mais», pois «a poesia não dá lucro, mas humaniza o Mundo».
O presidente da câmara municipal de Rio Maior, Carlos Nazaré, afirmou que, além da deliberação tomada hoje em reunião de câmara para a criação do Prémio Nacional Poeta Ruy Belo, a autarquia deu o seu nome à casa onde o poeta nasceu, a uma rua da cidade e a uma das salas da biblioteca municipal, onde está uma escultura sua.
Em estudo está o destino a dar à casa onde nasceu o poeta, em S. João da Ribeira, e a colocação, em breve, de uma estátua de Ruy Belo numa rotunda da cidade.
«Estamos empenhados na projecção do nome do poeta e em contribuir para levar a sua poesia aos rio-maiorenses, ao país e ao Mundo», disse Carlos Nazaré, lamentando que nem todos os habitantes do concelho conheçam a obra de Ruy Belo.
«Os poetas interrogam a vida, dão sentido ao caminho. Que seria da vida sem poetas?», disse o autarca na cerimónia, que terminou com um pequeno concerto de violino com Igor Domingos, do Conservatório de Música de Santarém.
28-02-2008 8:04:00
Ruy Belo em 2008
Tentarei compilar e publicar o que de relevante for dito e escrito sobre estas efemérides.
Será uma forma de homenagear o poeta na ausência de um serviço informativo semelhante da Biblioteca que tem o seu nome em Queluz.
Será a minha homenagem a um imenso poeta. Será apenas mais um contributo para a divulgação da sua obra.
Aqueles que me quiserem ajudar basta que escrevam para ruybelo2008@gmail.com.
Fico à espera. Boas leituras!