sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Rio Maior: Ruy Belo homenageado em aldeia onde nasceu

Uma foto de Ruy Belo na aldeia onde nasceu, S. João da Ribeira (Rio Maior), deu o mote para uma viagem pela sua vida e obra, numa sessão de homenagem ao poeta no dia em que faria 75 anos.
Henrique Fialho, jovem rio-maiorense licenciado em Filosofia e estudioso da obra de Ruy Belo, conduziu hoje a meia centena de pessoas que participaram na homenagem ao poeta, na biblioteca municipal de Rio Maior, numa comunicação intitulada «A aldeia que não existe», que deixou a viúva, Teresa Belo, «muito, muito surpreendida».
«Foi uma enorme surpresa», disse Teresa Belo no final de um dia de homenagem ao poeta que foi «de muita alegria e vai ser memorável».
Teresa Belo disse esperar que o Prémio Nacional Poeta Ruy Belo, lançado formalmente no final do dia pela vereadora da cultura da câmara de Rio Maior, Ana Cristina Figueiredo, sirva para dar a conhecer o trabalho do poeta «a partir daqui para o Mundo».
«Foi uma homenagem muito bonita, com muita alegria. Talvez seja esta a terra da alegria», disse, numa alusão ao título do último livro de Ruy Belo, «Despeço-me da terra da alegria» (1977).
Henrique Fialho partiu do primeiro livro de Ruy Belo, «Aquele grande rio Eufrates», escrito em 1961, ano em que o poeta deixou a Opus Dei, por esta o impedir de escrever poesia.
Percorrendo os oito volumes de originais de Ruy Belo, Henrique Fialho sublinhou as palavras sempre presentes, como «palavra, tempo, infância, rio, morte, minha aldeia», a qual o poeta disse um dia, numa entrevista, não existir, porque as distâncias já não eram as da sua infância.
A evocação «explícita» da sua aldeia natal, dos seus pais, das pessoas que conheceu, das idas à feira de Rio Maior, surge em «Toda a Terra» (1976), disse.
«Como é possível que um autor desta dimensão não tenha ainda hoje o reconhecimento da gente da sua própria terra», disse Henrique Fialho, pedindo que «se faça mais», pois «a poesia não dá lucro, mas humaniza o Mundo».
O presidente da câmara municipal de Rio Maior, Carlos Nazaré, afirmou que, além da deliberação tomada hoje em reunião de câmara para a criação do Prémio Nacional Poeta Ruy Belo, a autarquia deu o seu nome à casa onde o poeta nasceu, a uma rua da cidade e a uma das salas da biblioteca municipal, onde está uma escultura sua.
Em estudo está o destino a dar à casa onde nasceu o poeta, em S. João da Ribeira, e a colocação, em breve, de uma estátua de Ruy Belo numa rotunda da cidade.
«Estamos empenhados na projecção do nome do poeta e em contribuir para levar a sua poesia aos rio-maiorenses, ao país e ao Mundo», disse Carlos Nazaré, lamentando que nem todos os habitantes do concelho conheçam a obra de Ruy Belo.
«Os poetas interrogam a vida, dão sentido ao caminho. Que seria da vida sem poetas?», disse o autarca na cerimónia, que terminou com um pequeno concerto de violino com Igor Domingos, do Conservatório de Música de Santarém.
Diário Digital / Lusa
28-02-2008 8:04:00

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