sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Rio Maior: Autarquia assinala 75 anos do nascimento do poeta Ruy Belo instituindo prémio nacional de poesia

Ana Cristina Silva, vereadora com o pelouro da Cultura, disse à agência Lusa que o prémio, de âmbito nacional, visa distinguir obras poéticas em língua portuguesa e, simultaneamente, homenagear Ruy Belo.
O prémio, que deverá ter periodicidade anual, não tem ainda regulamento aprovado, dando a autarquia início ao processo na quarta-feira com uma primeira deliberação camarária, esperando Ana Silva que seja aberto concurso em meados do ano.
Quarta-feira, além de uma romagem ao cemitério de S. João da Ribeira, com deposição de uma coroa de flores na campa do poeta, a autarquia inaugura, à tarde, uma exposição bibliográfica, ao som de um CD com poemas de Ruy Belo lidos por Luís Miguel Cintra, seguindo-se uma palestra por Henrique Fialho sobre a vida e a obra do poeta.
Ruy Belo, filho de professores, nasceu e viveu a infância em S. João da Ribeira, terra que guarda uma imagem "querida" do poeta, mas também uma mágoa, a de não ter nada que assinale a sua pertença à terra, disse à Lusa o presidente da Junta de Freguesia.
José Luís Cruz, presidente da Junta de Freguesia de S. João da Ribeira, afirmou que gostaria de ter na aldeia uma estátua ou um busto de Ruy Belo e concretizar uma ideia antiga, a de dar uso à casa onde o poeta nasceu e viveu e que é propriedade da autarquia.
No seu entender, no edifício poderia ser instalada uma biblioteca/centro de leitura ou, de preferência, «mobilar a casa e torná-la residência de escritores que quisessem vir para aqui um período escrever, como já se faz em toda a Europa».
Ana Silva disse à Lusa que estão em curso conversações com a família no sentido de ser dado um destino à casa, como museu e «casa onde possam ficar escritores», além de estar em análise a colocação de uma estátua de Ruy Belo numa das rotundas da cidade.
Segundo disse, o poeta não tem sido esquecido, existindo uma sala com o seu nome e o seu busto na Biblioteca Municipal Laureano Santos, além de, há uns anos, ter sido atribuído o seu nome à casa onde nasceu em S. João da Ribeira.
Para José Cruz, a prova de que Ruy Belo nunca perdeu a ligação à sua terra natal está não só nos seus escritos - «a referência à infância feliz, ao quintal da casa, ao mundo rural» -, mas também no facto de ter escolhido a aldeia para ser sepultado.Ruy Belo morreu aos 45 anos em Queluz, depois de ter estudado Direito em Coimbra e em Lisboa, doutorando-se em Direito Canónico em Roma. Pertenceu à Opus Dei, que abandonou mais tarde, e tirou Filologia Românica, indo para Madrid, em 1971, como leitor de Português.
Regressou a Portugal em 1977, para dar aulas no ensino secundário no ano que antecedeu a sua morte. Foi chefe de redacção da revista Rumo e colaborou com publicações periódicas, como O Tempo e o Modo e Ocidente.
Lusa/SOL
26 de Fevereiro

Sem comentários: